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A SAÍDA É PELA PORTA DA JUSTIÇA ELEITORAL

A saída é pela porta da Justiça Eleitoral
Correio Braziliense
16 Mar 2019
“Hoje, começou a se fechar a janela de combate à corrupção política que se abriu há cinco anos, no início da Lava-Jato. ”
A opinião, em tom de desalento, foi manifestada pelo procurador do Ministério Público e coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) mandando para Justiça Eleitoral os processos de corrupção em que aparece a figura do caixa dois.
O temor manifestado por muitos que acompanharam de perto e desde o início o desenrolar dessa famosa operação parece que vai se cumprindo. À semelhança do que ocorreu com outra megainvestigação ocorrida há 25 anos na Itália, a chamada Mãos Limpas, e que visava também desbaratar esquemas de corrupção envolvendo personalidades do governo e partidos políticos, a nossa congênere parece caminhar para um mesmo fim melancólico.
A razão, segundo quem entende desses mecanismos de investigação contra políticos poderosos, é que operações e investigações judiciais, por mais bem estruturadas que sejam, não possuem a força necessária para fazer cessar, definitivamente, os inúmeros casos de corrupção que há anos assolam a máquina pública, ainda mais quando o nível de corrupção atingiu um patamar sistêmico, ou seja, quando passa a dominar todo o sistema de administração de um país, interna e externamente.
Nesse sentido, é preciso muito mais do que o empenho de um punhado de agentes da lei comprometidos com a ética pública. É preciso o empenho de toda a nação e isso, obviamente, não é fácil de ser obtido, apesar de as urnas sinalizarem desejo de mudanças.
A decisão de levar para a Justiça Eleitoral, que muitos consideram uma instância perfeitamente descartável, todos os casos de corrupção e de lavagem de dinheiro que envolver caixa dois de campanhas, por mais que seja considerada uma medida técnica, coloca na berlinda não só as investigações que foram realizadas e bem-sucedidas, mas outras que estão para ser feitas, anulando todo o imenso trabalho realizado nos últimos 60 meses. O risco de vir a ser anulada toda a Operação Lava-Jato não é sem propósito. Se houvesse o interesse em sanar a corrupção, essa manobra não seria necessária.
Com isso, os inúmeros condenados nessa operação poderão ter seus processos tornados nulos, por terem sido conduzidos por uma vara incompetente para julgá-los. Não se sabe, ainda, que consequências outras poderão resultar da decisão tomada pelo STF, de toda a forma, o que se pode adiantar é que a Operação Lava-Jato, sofreu nessa quinta-feira sua maior derrota desde que foi iniciada.
Em estrutura adequada e formada por membros temporários, submetidos à intensa pressão política, a Justiça Eleitoral torna-se, doravante, uma espécie de valhacouto onde irão abrigar-se toda a classe de políticos, formada, em sua grande maioria, por gente que não se avexa em embolsar, para si e para os seus os recursos públicos.
De <http://www.cbdigital.com.br/correiobraziliense/16/03/2019/p11>